quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Intenção do governo chinês de reduzir a liquidez foi argumento para realização nesta quarta-feira

Ainda que as autoridades monetárias de economias maduras sustentem o discurso pró-manutenção dos estímulos à atividade econômica, a gradual diminuição dos incentivos em mercados emergentes chama a atenção dos investidores – e na China, voltaram a ser anunciadas novidades nesse sentido. Nessa conjuntura, o mercado financeiro internacional teve um dia de realização de lucros em ativos mais arriscados.

Após o anúncio de que em 2009 o volume de crédito concedido ao mercado chinês pelos bancos locais ficara em 9,6 trilhões de yuans (uma alta de quase 100% ante o ano anterior) circulam no mercado rumores de que as concessões no início de janeiro apontariam para uma aceleração no ritmo. Em contraponto a esses rumores, um membro do governo chinês reiterou ontem a necessidade de se “conter o crédito excessivo” em 2010. Há especulações de que a comissão regulatória do sistema bancário chinês já esteja exigindo das instituições financeiras um controle mais restrito sobre a cessão de recursos. As medidas têm como objetivo manter a taxa de crescimento da economia em linha com seus objetivos (e assim reduzir o risco de um eventual surto inflacionário). O crescimento do PIB do país ficou em 10,7% no quarto trimestre de 2009 na comparação com o mesmo período de 2008, enquanto a inflação anual acelerou para 1,9% (estava em 0,6% em novembro).

O posicionamento do governo chinês se opõe à postura adotada nas principais economias maduras. No Reino Unido, por exemplo, a ata da última reunião de política monetária sugeriu não haver pressa em retirar os estímulos. De acordo com o documento, as decisões de manter a taxa básica de juros em 0,50%aa e o programa de compra de bônus em £ 200 bilhões foram unânimes e têm como respaldo a visão de que a recente alta da inflação no país (2,9% no ano de 2009) é apenas temporária, tendo em vista o grau elevado de capacidade ociosa na economia.


 

Os últimos indicadores de atividade também vieram “mistos” nos Estados Unidos. Se por um lado a quantidade de construções iniciadas em dezembro ficou aquém do previsto, recuando 4% em relação a novembro, por outro, o volume de permissões para construções futuras aumentou 11% no período. É provável que o volume de construções em dezembro tenha sido menor que o previsto devido ao frio mais intenso que o habitual nesse final de ano. Se realmente for esse o caso, nos próximos meses deveremos ver números mais animadores no setor imobiliário.

No Brasil, a criação de postos de trabalho em 2009 ficou em 995 mil. De acordo com o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), em dezembro foram eliminadas 415 mil vagas, resultado aquém do previsto. Ainda assim, seguimos com a visão construtiva para a atividade econômica, uma vez que o dado de dezembro apenas se contrapõe ao número extremamente forte de novembro – aparentemente, no penúltimo mês do ano havia sido contratado um contingente excessivo de funcionários temporários, que no período seguinte foram dispensados.

No que diz respeito às contas externas do país, registrou-se um déficit de US$ 5,95 bilhões em dezembro, um saldo mais negativo que aquele esperado pelo mercado. Em alguma medida, a surpresa se deveu ao aumento além do imaginado nas remessas de lucros e dividendos de empresas estrangeiras instaladas no país para suas matrizes (US$ 5,3 bi no mês). Como resultado, o déficit em conta corrente acumulado em 2009 ficou em US$ 24 bi (1,55% do PIB). Para o ano de 2010, a expectativa é de um déficit maior, devido principalmente ao crescimento das importações. A dinâmica seria compensada por um superávit na conta de capitais. Em dezembro, os investimentos em carteira somaram US$ 3,1 bi (US$ 46,2 bi em 2009) e os investimentos diretos (IED) ficaram em US$ 5,1 bi (US$ 26 bi no ano).

As taxas de juros dos contratos futuros negociados na BM&F pouco reagiram ao resultado do CAGED. Os juros dos contratos de DI com vencimento em janeiro de 2011 e em janeiro de 2012 subiram para 10,33% aa e 11,74% aa, respectivamente.

Já no mercado de câmbio, o déficit em conta corrente maior que o previsto se somou ao movimento global de valorização do dólar, levando a moeda brasileira a encerrar o dia em baixa de 1,1%, cotado a R$/US$ 1,789. Ontem, o Banco Central do Brasil comprou divisas norte-americanas à taxa de R$/US$ 1,7857.


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