segunda-feira, 17 de maio de 2010

Na crise, cresce recompra de ações

    Graziella Valenti, de São Paulo 17/05/2010
Texto: A-  
Entre o fim de abril e sexta-feira, dez empresas aprovaram medidas desse tipo, num total de R$ 1,5 bilhão
Bastou um sinal de tensão mais forte nos mercados internacionais e as empresas, escaldadas pela crise de 2008, correram para anunciar seus programas de recompra de ações. Entre o fim de abril e sexta-feira, dez empresas aprovaram medidas desse tipo, num total de R$ 1,5 bilhão. As primeiras iniciativas foram da Brookfield, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Kroton, Metalfrio Solutions, Odontoprev, Redecard, TIG (Tarpon), Estácio, Minerva e Restoque (Le Lis Blanc).
Em maio, o Índice Bovespa acumula queda de 6,1% por conta das preocupações com a Europa. Quando a situação na Grécia se agravou, o principal indicador da praça paulista chegou a ter perda de 7,5%. Das dez empresas que adotaram a recompra, quatro têm queda maior do que a média de mercado e três acumulam pequena valorização neste mês.
As recompras são usadas pelas companhias como um sinal aos investidores de que seus papéis estão baratos o suficiente para serem considerados por elas próprias uma boa opção de aplicação de seu caixa. "Os resultados das empresas foram bons e as cotações em bolsa não estão refletindo isso. O preço está atrativo", explicou Marcelo Lima, presidente do conselho da Metalfrio e membro do conselho da Restoque - também sócio da gestora Artésia.
Além do sinal ao mercado, o próprio movimento de compra das empresas gera uma demanda adicional pelas ações, o que contribui para sustentar as cotações.
Segundo Régis Abreu, sócio da gestora de recursos Mercatto, a administração da companhia é que possui as melhores informações sobre o negócio. Portanto, ninguém melhor do que ela para decidir quando o preço está baixo. "Além disso, a iniciativa demonstra confiança no negócio e alinha a empresa e os acionistas", disse o especialista em gestão de ações. "Só não vale comprometer o caixa".
Os programas anunciados, com exceção da CSN, têm validade de um ano. O da siderúrgica, lançado no começo de maio, termina em 8 de junho. É o maior dos programas anunciados, chegando a R$ 800 milhões - 53% do volume total dos programas, conforme as cotações de sexta-feira. A decisão do conselho de administração da empresa envolve até 3,5% das ações em circulação da siderúrgica.
A CSN informou ao Valor que ainda não utilizou o programa, ou seja, não fez compra em bolsa de seus próprios papéis. O objetivo da iniciativa era proteger os acionistas da volatilidade de mercado.
As ações adquiridas podem ser mantidas na tesouraria por até 90 dias para depois serem vendidas ou canceladas.
Parte das empresas deve usar as ações adquiridas para honrar planos de opções de executivos. Se não tivessem os papéis, fariam novas emissões. "Com o preço atrativo é melhor evitar uma diluição. Neutraliza o efeito do plano", disse Lima. A CVM já deixou claro, em diversas decisões, que as empresas podem usar a recompra para planos de opções.

Materia no link  http://www.valoronline.com.br/?impresso/caderno_a/83/6269089/na-crise,-cresce-recompra-de-acoes&utm_source=newsletter&utm_medium=manha_17052010&utm_campaign=informativo&scrollX=0&scrollY=1145&tamFonte=

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